Conta-se que o escritor Nelson Rodrigues teve uma infância muito pobre. Certo dia, na escola, ele viu um coleguinha comendo um sanduíche de ovo. O desejo era tão grande, e a fome, e a dor de não poder ter aquele lanche que, a uma mordida poderosa, fazia escorrer um fio amarelíssimo de gema no canto da boca do colega – o menino Nelson desmaiou.
Esse episódio o acompanharia a vida toda. A cada prêmio que Nelson recebia, a cada volta para casa depois de uma homenagem em que era celebrada a genialidade dele, a primeira coisa que pedia à esposa era que lhe preparasse um pão com ovo. Dizia que era para satisfazer àquele menino pobre que havia dentro dele, menino que ele nunca deixara de ser. Consolando o menino interior, o Nelson adulto não se esquecia de quem ele era, e assim não deixava a fama e o poder subir-lhe à cabeça.
Com esse ritual aparentemente simples, Nelson Rodrigues não esquecia suas origens, sua história, e sabia que era a integração do que somos na infância, na adolescência e em qualquer outra parte do passado o que nos sustenta, nos faz ser quem somos, como nos vemos e para onde vamos.
E o que integra todas essas partes essenciais é a memória, é a história que contamos. É isso o que não podemos, nunca, esquecer.
Desafio você a refletir e escrever sobre quem é você, escreva livremente sobre:
- Quem sou eu?
- Como é a criança que eu fui?
- O que a criança que eu fui me deu de essencial para eu ser quem eu sou hoje?